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quinta-feira, 3 de julho de 2008

Brincadeiras Perigosas - Ver com comentários

Brincadeiras Perigosas
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Título Original: Funny Games U.S.
Realizador: Michael Haneke
Argumentista: Michael Haneke
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Ano/País: 2007 - EUA / França / Reino Unido / Austria / Alemanha / Itália
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Intérpretes: Naomi Watts, Tim Roth, Michael Pitt, Brady Corbet, Devon Gearhart, Boyd Gaines, Siobhan Fallon, Robert LuPone, Susanne C. Hanke, Linda Moran
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Sinopse: “Neste remake de 1997 um dona de casa de classe média conta a historia de como ela, o seu marido (George) e o seu filho de 10 anos (Georgie) são submetidos a uma tortura física e psicológica, violência e morte por dois inesperados jovens durante as suas curtas férias de fim de semana no lago.” [Filmes de Terror.com]
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O meu comentário:
Na sexta-feira passada vi no evento organizado pelo MAL (Movimento Acorda Lisboa) o Brincadeiras Perigosas original. O evento até correu bem e é de louvar, apesar de algum vento, que agitou um pouco o lençol onde foi projectado e de algum desconforto causado pelo chão duro (mia culpa, esqueci-me de levar a esteira!) teve, no entanto, algumas desistências, umas logo no início talvez devido a facto do filme ser falado, julgo que, em alemão e legendado em inglês, o que para a maioria dos presentes não causou transtorno, mas houve uns quantos que foram, logo embora. Outros desistiram durante o filme, mas também não acho isso anormal, sabe-se que os filmes de Michael Haneke) geram sempre muita controvérsia, não agradam a todos. (quando assisti ao “a Pianista” também houve espectadores a sair do cinema a meio do filme)

Este sábado vi no cinema a versão Americana, que no meu entender, não foi mais do que uma tradução do género das que se fazem das obras literárias, foi cópia total, apenas com diferentes actores. Não quero aqui discutir a pertinência desta versão foi feita com a justificação de chegar a um público mais lato (e mais langonha!). Se é justificativo suficiente ou não, sinceramente não tenho opinião, está feito, está feito, nada mais a acrescentar.

Começo a minha critica, propriamente dita por comparar as duas versões, na única coisa em que diferem, as representações dos actores. Começo pelas duas actrizes principais, Naomi Watts tem uma das melhores interpretações que lhe vi numa obra cinematográfica, mesmo que se retirassem as suas palavras, só o seu rosto trasmitia o turbilhão de emoções por que passou a sua personagem, medo, desalento, raiva e angústia, porém a interpretação de Susanne Lothar foi superior, simplesmente avassaladora, brilhante mesmo.
Já nos actores principais (maridos) achei a interpretação do Tim Roth, o seu esforço de conter as emoções, até ao descarregar com a morte do filho, onde mostra toda angústia que um pai sente ao perder um filho, bem melhor do que interpretação algo apagada do Ulrich Mühe.
As interpretações das duas crianças foram a meu ver equiparadas, boas mas sem grande brilhantismo. Também as interpretações dos jovens psicóticos foram equiparadas, mas aqui já com mestria e brilhantismo perturbando aquela infeliz família e os espectadores, sempre de forma leviana (propositada), como se estivessem a fazer uma tarefa rotineira, e não a jogar jogos psicológicos perversos e fatais.

Brincadeiras Perigosas, é uma brilhante brincadeira perversa e manipuladora de Michael Haneke, em que o objectivo é chamar a atenção para a violência gratuita de algumas obras cinematográficas, responsabilizando o público, e a sua avidez por violência, chegando inclusive a perguntar se queriam mais....

É brilhante, e ao mesmo tempo desconcertante a forma como ele manipula o espectador, sem nunca perder de vista o seu objectivo, e a forma como nesta sua ironia perversa ele consegue transmitir tão fortes emoções, alguns espectadores acharam algumas cenas paradas e enfadonhas, eu pelo contrário achei que essas cenas, transmitiram de forma fiel as emoções desesperadas por que passou aquela família, nas suas últimas horas de vida, servindo para mostrar os efeitos devastadores da violência.

Um filme estranho, mas em tudo faz sentido, mesmo o que aparentemente não faz, faz tudo parte do jogo manipulador e intencionalmente perturbador que Michael Haneke joga com espectador.

Não, não agrada a todos, mas é para mim uma grande obra cinematográfica (mais uma) de Michael Haneke.

2 comentários:

Carlos M. Reis disse...

Olá Tiago. Agradeço a referência ao meu blogue, não era preciso ;)

Quanto ao Funny Games, tal como tu achei as interpretações brilhantes mas fiquei completamente lixado com aquela opção narrativa duvidosa de "rebobinar" a coisa. Percebo o conceito, a mensagem a ser transmitida, mas perdi logo ali toda a ligação que tinha com o filme. Senti-me traído por Haneke.

Um forte abraço!

Tiago Gomes disse...

Compreendo que te tenhas sentido traído. Eu pessoalmente achei que fazia tudo parte da manipulação e do jogo estabelecido com o espectador. E até serviu para relativizar mais o filme, para nos lembrar que não passava de um filme, reforçando a sua crítica à violência gratuíta no cinema, e até achei a cena bem humorada.

Um forte abraço